Lebução fica situada em lugar alto e aprazível, na margem esquerda do rio Calvo, entre montanhas onde o tempo guardou riquezas e mistérios. A 25km da sede do concelho, goza de um clima de montanha com invernos frios, verões quentes e de paisagens deslumbrantes.

É uma aldeia tradicionalmente vocacionada para a agricultura (centeio, batata, castanha e vinho) e para o comércio de largas tradições. Em tempos remotos, Lebução, foi o centro das transacções comerciais de uma enorme área circundante, que se efectuavam por troca directa de produtos.

Monumentalmente, a Igreja abraça, do alto das suas torres sineiras, todo o casario disposto em anfiteatro e chama os fiéis à oração. É obra da renascença, de muros altos e bem alinhados, construção de uma só nave. O retábulo do altar-mor, é de apreciável valor artístico, com colunas salomónicas e motivos ornamentais e simbólicos, realçando as arquivoltas que guarnecem a abóbada polícroma da tribuna.O Orago da freguesia é S. Nicolau, mas a principal referência religiosa desta terra é Nossa Senhora dos Remédios, que tem o seu dia no calendário religioso - 8 de Setembro.

Aqui, como em todo o Nordeste de Portugal, usa-se uma linguagem oral, um conjunto de termos e expressões que, pouco a pouco, se vão perdendo com a partida dos mais idosos.

A hospitalidade está presente nas vivências diárias, marcadas por um espírito de partilha e solidariedade. A porta das casas de Lebução está sempre aberta para receber, à boa maneira transmontana, "quem vier por bem".


A ideia deste Blogue, surgiu da necessidade de preservar a identidade desta comunidade, aproximando todos os Lebuçanenses da sua terra natal.

A feira do Folar de Valpaços

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

30 anos foram demasiado poucos anos para retirar da memória um homem que não “morreu”




PEDRA DE TOQUE

JOSÉ AFONSO

No dia 23 de Fevereiro a rádio e a RTP recordaram Zeca Afonso, falecido exactamente há 30 anos.
Durante cerca de 4 horas de viagem, escutei depoimentos de amigos e admiradores e ouvi, com a emoção de sempre, as suas baladas e melodias.
Os seus textos, os seus poemas, as suas letras, passado este quarto de século, continuam actualíssimos e são demonstrativos da sua cultura inquebrantável da subversão, ele que foi um castigador sem piedade do conservadorismo político, cultural e moral.
Proibido de ensinar, viu censurada a sua escrita de palavras e melodias.
Sempre simples e humilde, viveu até ao fim sem vergar, intransigente, lúcido, com uma integridade intocável.
Tive o prazer e o privilégio de o conhecer e constatei pessoalmente o que afirmo.
Em entrevista a Viriato Teles, dois anos antes de seu decesso (1985), disse frontal: “O que é preciso é criar desassossego. Quando começarmos a criar álibis para justificar o nosso conformismo está tudo lixado…”.
Para acrescentar adiante: “É preciso agitar, não ficar parado, ter coragem”.
Neste mundo, neste país em que os poderosos continuam a semear a injustiça que tanto o revoltava, urge estar vigilante porque “Se alguém se engana com o seu ar sisudo e lhes franqueia as portas à chegada” eles virão “ em bando com pés de veludo, chupar o sangue fresco da manada”.
O exemplo de Zeca tem de estar presente e a sua obra escutada sempre, mormente nos tempos que passam, porque nós que somos filhos da madrugada só podemos dar-lhe a nossa gratidão, a nossa paga, se abrirmos caminho a uma “ terra da fraternidade” onde “ o povo é quem mais ordena”, como escreveu José Manuel Pureza numa bela crónica no DN.
Nessa busca incessante por essa sonhada terra, que com coragem teremos de atingir, como pediu Zeca, devemos também levar todos os amigos, sobretudo aqueles que são maiores que o pensamento.

Dr.º António Roque



















































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